quinta-feira, 1 de maio de 2014

mais uma epígrafe possível para um romance desconstruído

opção

para chegares a mim
tens uma rua reta ou uma rua
torta
a primeira te traz depressa
a segunda te traz alegre
(o que mais importa?)

(Líria Porto)


Com essa "epígrafe", retomo uma história que ficou congelada nos últimos tempos.
Tenho procurado dar ao nosso romance um roteiro mais consistente e verossímil, mas nem sempre encontro a palavra certa ou a melhor construção para nosso verbo tão fragmentado. Paráfrases e metáforas e outras imagens desfiguradas interrompem a sintaxe. A escrita surta, tão curta! Tenho dificuldade de escolher os pronomes e os conectivos que sublimem mais inusitadamente os sentimentos que pressinto querer descrever. Não consigo discernir desejo, vontade, coragem, tudo o que parece fazer sentido... não é sentido por mim. A poesia nunca mais me acordou na manhã plena de sol e veio escorrer nas linhas da minha prosa. Tudo é mudo e seu. Tudo emudeceu. Mesmo assim, eu luto. Projeto meus sonhos em utópicas criações coletivas e plurais. Mas nossa história permanece nas entrelinhas da minha falta de sono (noturna mente). Uma espécie de dislexia me sufoca e eu engasgo com as migalhas de atenção que você joga na minha caixa postal com indiferença e certo desprezo. Sua voz me tortura às vezes com um "boa noite", às vezes, com um "fique bem". Você sempre economiza verbo, adjetivo e deixa o sujeito implícito. 
Eu interpreto sua falta de interesse como uma estratégia (me lembrando sempre de Mario Benedetti!), e divago entre as suposições que eu crio para enganar minha postura irracional.