terça-feira, 10 de junho de 2014

o mal dito

O eu-te-amo que você ouviu extrapola o verso, por isso eu olhava tanto pros seus verbos castanhos totalmente desentendidos dessa poesia externa que me sacrifica.
O eu-te-amo que eu soletrei calma e esquiva quando nos despedimos estava engasgado havia muito tempo entre todas as frases-d'efeito que eu coleciono para um dia especial.
O eu-te-amo que anuncio não está escrito em nenhum dos meus delírios emocionais involuntários. Eu tentei preservar seus ouvidos dessa declaração clichê até agora porque sei que seus argumentos racionais ultrapassam a fragilidade do meu afeto longínquo e terno.
Não foi pensando em dizer esse eu-te-amo que eu quis encontrar você naquela tarde. Mas, diante dos seus olhos perversamente sedutores, a única palavra que me ocorreu para não me entregar e me machucar ainda mais foi aquele eu-te-amo que você não pediu que eu repetisse sem olhar pra trás.