segunda-feira, 14 de maio de 2012

só mais um capítulo


De todas as impossibilidades, você era a única certeza. E você ficou. E se manteve: alvo das paixões inatingíveis. Você com sua franqueza sedutora e seus horizontes repletos de promessas jamais cumpridas. Armadilha absolutamente previsível, nem posso acusar o destino de tal desgraça. Não há álibi que sustente minha falta de racionalidade.
De todas as inconstâncias, você era a ausência mais perene. E foi você que permaneceu. Entre silêncios, vácuos e abismos... você ininterruptamente se fez faltar, fazendo da sua rara presença o prêmio almejado.  E eu esperei seu corpo, esperei suas palavras... justificativas e mais argumentos. Mas a história já estava encerrada. Eu só fechei os olhos pra que a realidade não ofuscasse minha teimosia.
De todas as mentiras, você só verdade. Das farsas e falsas tragédias, você: drama complexo. Enredo traiçoeiro, mesmo quando explicitados os papéis representados. A cena. Você, simples figurante, abre as cortinas e arranca aplausos. Eu me impressiono sempre com sua performance romanesca.
De todos os roteiros irrealizáveis, você era o desfecho concretamente inviável. Assumiu o script e redirecionou os atos. Entrou em cena e roubou o foco do palco. Criou situações imperfeitas para os conflitos que a tela pedia... e com perfeição se transformou no herói da minha novela, quando, desde o primeiro instante, eu sabia que você é vilão.