domingo, 24 de junho de 2012

prorrogação (ou morte súbita)

O dia começa como se fosse um dia qualquer, inútil às divagações descabidas que perambulam livremente. Um único propósito me mantém estimulada nesse clássico domingo.
Fico à espreita, escondida entre as cortinas da sua janela, clichê sempre exposto à minha imaginação. Você off, sempre ausente. Sinto-me mais à vontade para criar o cenário que quiser para o seu lazer. No entanto, seus momentos de descontração, descanso... tudo é inatingível e sua sombra intocável não deixa rastros pra que eu possa me perder nas suas horas vagas.
Diante da timidez do sol, planejo, meço, arquiteto. Faço de tudo para chamar sua atenção. Pelo telão de um boteco da Vila, acompanho o futebol. Comemoro o primeiro gol do seu time com um grito agudo pra que você me ouça, me veja, me venha...
É... hoje eu acordei a fim de entrar nessa disputa. Quero competir com seus interesses gerais e arriscar todo meu latim para me garantir como titular dessa posição. Cansei de ficar na reserva, meu caro. Essa partida é pra ser decidida como a final de um campeonato.
Aposto todas as minhas fichas nesse confronto. E mais uma vez deixo o tom previsível do meu ataque no aquecimento. Escolho a ingenuidade como tática. Avanço pelo campo do seu léxico (reconhecidamente superior) com minha linguagem pueril. Tento neutralizar suas manobras linguísticas, sua habilidade verbal. Mas você dribla minha intenção de trapacear; anula meu melhor lance. Lanço mão dos meus subterfúgios para enfrentar a sua fala adversária e numa jogada de mestre você me joga pra escanteio. 
Jogo a toalha, descarto sua expulsão. Então, você penetra minha pequena área, a defesa desatenta não atua. Sem impedimento claro, você ataca e marca um gol de placa (acertando em cheio meu coração).

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