terça-feira, 29 de julho de 2014

insônia feliz

Voltando de férias, notei que há dias, há meses, não produzo uma linha sequer! Que susto. Eu, tão afeita às palavras, tenho andado tão muda. Emudecida. Mudada? Não saberia descrever agora. Tenho tido pouca (quase nenhuma) disposição para escrever. Esgotado o repertório de romances-clichês, não sobrou nem uma só palavra para dizer. Este talvez seja meu último post neste blog. Quem vai saber? Escrever era um ato de amor. Escrever era o amor. Eu sentia e as palavras vinham... docemente. Eu só sei falar de amor! E isso é tão simples. O amor. O mundo está em guerra - Gaza, Ucrânia, Brasil... onde a próxima bomba pode ser detonada? Em mim, os vestígios da desumanidade parecem implodir. Ninguém sabe. Não sei escrever a dor, a indignação. Você que me lê (de vez em quando, quando escrevo alguma bobagenzinha) deve achar que sou alienada (risos). Não faço questão do seu julgamento. Só sei dizer que sinto. E só escrevo quando há amor. Escrevia quando eu sentia que havia. Quando o via e sentia. Sempre o amor o mesmo e terno.
É por isso estou escrevendo hoje.
Ontem, depois de muito tempo, a poesia (a palavra poética) me fez sentido. Em outro sentido. Um amor me acenou. Foi uma conversa rápida, trocamos, como antigamente, mensagens instantâneas, como as que trocávamos quando a poesia vertia entre minhas pernas, em manhãs de segundas-feiras, terças, quintas, em todas as manhãs nubladas e ensolaradas! Conversas entre quatro paredes, trancadas à chave, enquanto janelas se abriam e se fechavam abruptamente. O mesmo jogo de palavras, o duplo sentido repetido nas mesmas conjugações. A leveza das brincadeiras mal-intencionadas revelada em cada vírgula digitada. "Vou dormir feliz e a culpa é sua". Eu disse (escrevi), mas não dormi. Não dormi porque estava feliz. Ah, esse círculo vicioso! E a insônia me levou àquele tempo! Quando eu passava noites acordada pensando o que "ele" estaria fazendo. O que estaria pensando. Tempo em que eu despertava de um sonho curto (intenso e pleno) e me preparava para o "nosso café da manhã"! Composto de palavras e rimas. A mesa enfeitada de prosa!
Ontem, depois de muitas noites em branco, minha insônia foi colorida!

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