domingo, 19 de dezembro de 2010

pílula do dia seguinte

Depois da noite de sexo pleno que tivemos, ele acorda distante... no nosso mesmo lugar. Indefinido. Em mim, pulsam sensações descabidas e desarrumadas sobre esse estranho que dormiu comigo. Eu oscilo. Descaminhos invertidos rondam os pensamentos pervertidos em mais uma completa frustração. Passo a vista pelo entorno sem abrir os olhos. Não há nem sequer um objeto para reter na lembrança. Não há nada além do cheiro de esperma e seus sinais inconfundíveis desenhados nas coxas, no ventre... É tudo para não fazer esquecer. Lá fora do quarto e de mim, sol. O dia claro contrasta irritantemente com meu cenário interior. Cinza, nublado por tantas (im)possibilidades obscuras. Ainda antes de acordar, escrevo. Densidade nos dedos, peso das teclas que são tocadas para dizer o que preciso vomitar, pois me causa insensato mal-estar o corpo dele não mais estar. Resisto à obviedade da dor. Hesito entre a delicadeza do tato e o asco da falta. Transito pelo léxico em busca de outros sentidos. Nada faz sentido. Por hoje, nada mais a dizer.

2 comentários:

Marcia Barbieri disse...

adorei, lindas e fortes imagens do abandono.amei seu blog. Muito bom te encontrar e obrigada por me adicionar.

beijões a até logo

mg6es disse...

estive aqui. estou!

<3