domingo, 28 de outubro de 2012

deslembranças

O que dói não é estar distante.
O que dói, machuca e não tem remédio que cure é a sensação corrosiva de que foi tudo sem sentido. Que tudo não teve nada de aproveitável, nada para permanecer, pra ficar.
O que dói não é o silêncio transitoriamente perene.
O que dói é a mudez involuntária, que cala o desejo latente, que omite a fala reveladora do mais puro sentimento guardado por dentro, num interior inalcançável.

Já houve dias em que eu me senti mais triste. Já houve momentos em que eu estive mais desesperada com esse silêncio perpetuado a cada fim de semana em que você enfatiza sua ausência. Já houve tempo também em que eu nem pensava nisso! É "eu-era-feliz-e-não-sabia", como você escreveu outro dia (há muito tempo!!).

Mas hoje eu só queria uma válvula de escape que me fizesse fugir da paranoia que é saber que você ainda existe. Hoje eu só queria devolver sílaba por sílaba das suas declarações inconsequentes. Queria depositar na sua caixa de correspondência todas as respostas que você se recusa a formular. Hoje eu queria empurrar pra debaixo do seu travesseiro todas as lágrimas que molham minha fronha nas noites que você não visita meus sonhos. (Eu sei que isso é por demais piegas, mas me dou o direito de cair nesse poço de clichês batidos, pois essa dor que dói é o lugar-comum das nossas mentiras e dissimulações.)

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