sexta-feira, 12 de outubro de 2012

num só som

Das horas que vagam à espera calma de um telefonema, restam apenas silêncios imensuráveis e taquicardias constantes. Assim é que os dias passam por mim sem inspiração pulsante, sem desordenadas orações. Tudo o que crio é um não dizer instantâneo, que preenche a folha em branco com máculas e lágrimas. A trilha sonora do momento é também o silêncio. Verbos sem voz ativa calam-se nas linhas do texto que não flui. Não há predicados que façam a concordância possível para os hiatos de solidões que fogem dos padrões sintáticos. A simetria das letras se desconstrói em meio a tantas desintegrações de termos. Nem mesmo os apostos se opõem ao vício pontual imposto pelas vírgulas engasgadas. Discursos intransigentes transgridem o tom profícuo do silêncio que reverbera dentro das minhas fantasias frustradas. Nada discorre. Nada me ocorre. Nada. Silêncio é tudo. E tudo é silêncio. Só. Silêncio.

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