Hoje, ao ler a poesia de todos os dias, eu percebi que os verbos estavam conjugados em nosso tempo. Pretérito imperfeito. E a constatação do meu imperativo rondava os sujeitos omissos nas frases que costumávamos apreciar.
Era uma vez uma poeta que se apaixonou pelo poema inacabado. E o verso ficou em branco. E a rima perdeu a graça. Era uma vez um poeta que amou uma borboleta (ou teria sido uma flor?) em segredo. E seu verso emudeceu. E sua rima perdeu o controle.
Hoje, quando eu abri meu caderno para rascunhar mais uma saudade de você, eu notei a folha envelhecida. Eu amassei os pronomes contidos em nossas páginas. E tentei inverter o sentido da metáfora metendo-a dentro do vazio ocupado pelo silêncio da sua verve, com as sílabas dissonantes que você calou.
Era uma vez um verbo em Pessoa, em preciso navegar, a concordância impessoal... Era uma vez a febre e o desejo do "Corpo" drummondiano... que já fora presente. Era uma vez todo um arsenal de finais felizes mutilados... Era uma vez um enredo perfeitamente articulado ao desfecho de nossas limitadas impossibilidades textuais. A gramática de nossas línguas alterada por declinações e cenas mal pontuadas. Era uma vez um predicado incompleto. Uma vírgula separando elementos indissociáveis nas veredas daquele ser tão inexpressivo. Era uma vez uma história dentro do romance que o passado não leu...
Nenhum comentário:
Postar um comentário