domingo, 16 de dezembro de 2012

(destr)oços do ofício

Não, este texto não deveria estar registrando minhas impressões. Mas o verbo insiste em trair minha indiferença e me faz analisar experiências profissionais com total passionalidade. Justo eu, que prezo pela correção da sintaxe, me vejo envolvida nas construções assustadoras da sua prosa inquieta. Tento controlar as flexões e os reflexivos pronomes das personagens que você manipula em mais um dos seus clichês. Faltam concordâncias, há excesso de intervenções e prosódias. Num único parágrafo, você erra a regência  e eu contextualizo suas falhas em orações menos subordinativas. Mas seu discurso me confunde os conceitos e abala minha certeza. Misturo-me, então, aos figurantes que você escolheu como convidados para assistir com imobilidade ao desenrolar da sua narrativa inconstante. Oscilo diante da transitividade de suas ações. Sujeito-narrador. Você escreve para mim várias cartas sem remetente declarado. Eu não leio suas críticas dissimuladas nos comentários efusivos que você acrescenta às notas de rodapé que não explicam o comportamento inconjugável da terceira pessoa do plural no último capítulo desse romance.
("Elas" sou eu em variações múltiplas de papéis.)
Resolvo a questão elaborando um poema sumário e redefino o foco:

Quem é você, afinal,
(entre todos os eus que constrói)
só mais um predicado ou meu herói?

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