quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

do que somos feitos

Já faz quase uma semana que minha vida deveria ter voltado ao normal. Mas nunca se volta a ser o mesmo depois de uma experiência tão intensa. As pernas ficam cambaleantes sem motivo, não se equilibram com a mesma arrogância de antes, quando eu dizia cheia de orgulho "não preciso de ninguém para seguir meu caminho". As coisas acontecem e fraturam nossa petulância, as cicatrizes visíveis denunciam o estrago.
Ontem eu parecia mais segura quando olhava no espelho e refletia a esperança de um encontro. Já faz uma semana que me escondo dos espelhos. Tranquei as imagens daquele reflexo num ponto inusitado e convergente com a nossa história. Já faz uma semana que eu praticamente me prostro diante das lembranças inerte e incandescente. Apática e vulcânica. Kafkanianamente irreconhecível aos olhos de qualquer desatento observador.
As fraturas se manifestam em partes menos necessárias para o equilíbrio do corpo. É como se a matéria tivesse sido atropelada por emoções tão fortes que se encontra agora em estado de decomposição.
Sim, primeiro foram as pernas, os braços (que eu julguei doerem por falta de um corpo no abraço), as costas, toda a extensão da coluna, o pescoço... e também o peito, o tórax, eu digo, ali parece que a devastação foi maior... e a boca (vazia), os olhos (vazios)... e a cabeça (vazia): tudo vai doendo conjuntamente, feito engrenagem, tudo encaixado para doer.
E já faz quase uma semana...

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