sábado, 30 de março de 2013

silencio

O silêncio que mora em mim não tem outro  nome. Mudo. O verbo sem conjugação possível para a sua pessoa. Mudo. Calo o amor que implode por dentro e impede que meu organismo funcione plena mente. Um corpo inerte traduzido em braile. Mudo. Tudo o que gira sobre mim tangencia um desejo reprimido de amar a sua palavra. Gestos imprecisos contornam a sintaxe perfeita de um discurso em desconstrução permanente. Eu sou a mulher que engole os neologismos que você inventa para amenizar a concretude dos meus substantivos amargos e ácidos. Você discorre. Você diz: "Corre!". E eu permaneço. Absorta e diluída. Me liquefaço em rimas aparentemente profundas e naufrago nos vocábulos interrompidos que você dispara quando me diz: "Para!". Eu não digo. Eu não paro. Não ando. Não corro. Morro. Mudo meu verso. Meu verso mudo. Falo. No meu verso sempre falo (de você).

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