sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

atemporal

Tempo volátil entre os móveis da casa. As horas. Tudo é silêncio agora. Você me diz que sempre fica algo no ar. À noite, antes de adormecer, sua fisionomia me confunde entre outras paredes. Olho  ao redor e vejo cores ardentes. Em que quarto? Não há fresta que me clareie as divagações... Eu seria apenas outra imagem dançando ao som de um beethoven ao luar... mas você me oferece esse silêncio tão suavemente! Me perco à procura do tempo certo para conjugar o inconjugável. Nosso verbo conjugal de cada manhã desperta... Outra dimensão temporal. Os relógios não funcionam em conformidade. Acelerados, os ponteiros na parede da cozinha apontam para o início do dia. Manhã sem sol. Vasculho na memória recente, me empenho para tocar seu corpo. Você distante. Alguns centímetros nos separam e eu estico o braço na tentativa de o alcançar... Perco as noções básicas da Física (essa nossa coincidência cientificamente comprovada) e me acho interiorizada em seus pensamentos. Tudo quimicamente estável: amálgama. Colados, nossos tecidos, órgãos, músculos e desejos. Um só corpo vibra e pulsa no mesmo ritmo. O tempo? Quando? Em que momento nos separamos para nos reencontrarmos agora? No meu calendário, os meses, dias. Nada registrado nas horas que você não cronometra minha plenitude. O fluido. Meu tempo imaginário não contabiliza esses segundos. Parecem levar a vida inteira para gozar. Que horas são? Tem tempo para mim hoje? Perguntas inúteis. Toda cronologia se fez dispensável depois que você passou a ocupar meu tempo. Que dia é hoje? Perdi a noção do tempo, da velocidade sincronizada; perdi a sensação de tempo perdido... quando encontrei você!

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