sexta-feira, 9 de agosto de 2013

rebobine, por favor!

Acordo dentro de um filme. Os movimentos, os passos, a cena. Pela janela escorre um fiapo de felicidade, atravessando o meu mau humor incomum. Reflexos de saudade brilham mais intensamente neste enquadramento desproposital. Você caminha com segurança entre os móveis imóveis da minha sala. Seus gestos confirmam a falta de veracidade dos atos. Estamos um diante do outro. Diante de silêncios e covardias. As palavras perderam a voz na nossa comunicação. Só os olhos falam. Em câmera lenta, você se movimenta. Na minha direção. Lentamente você entra em cena. Dentro do filme, seu papel é secundário. você não se importa em atuar mal. Representa desleixadamente seu papel com superioridade. Deste ângulo, interno, eu atropelo sua inércia desmedida e pratico abusos. As ações suspensas no pensamento congestionam o desenvolvimento do gesto. Eu gesticulo indicando-lhe um caminho, você me percorre.

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