segunda-feira, 24 de outubro de 2016

[nova manhã]


Despertar sem o blá-blá-blá do rádio
Em suas entrevistas matinais
Mas sentir que as palavras do dia
Que o corpo e a alma pedem
Amor tecem
Abrir os olhos sem medo
De deparar com o silêncio
Sentindo que posso me apaixonar
Pelas palavras
Porque umedeceram meus olhos
antes de fazer fluir o desejo
entre as pernas
E porque as mãos acolheram
o sal a febre o gosto: o gozo
a sede do corpo: única sensação
************
Começo a segunda-feira com ares de contentamento. A poesia me desperta e inspirada registro os versos que sobraram na cama em pensamentos escondidos sob os lençóis.
Recolho roupas e lembranças. O despir-se e recompor. Colho os olhares, o espelho.
No quarto recém-pintado, as paredes retêm o cheiro fresco de felicidade.
Novas conjugações para uma sintaxe desgastada e previsível: a voz de Caetano me vem à mente: "outras palavras", e fico cantarolando mentalmente a possibilidade de reescrever a história, usando expressões idiomáticas mais condizentes com esse novo contexto (tão fora/dentro do mundo verbal)!
Sim, a realidade me trouxe derivações mais apropriadas para os vocábulos monotemáticos a que exponho. Prefixos reinventados, reinterpretados, formam palavras que eu desconhecia: me vejo/sinto fênix ao renascer.

Nenhum comentário: