segunda-feira, 31 de outubro de 2016

primeiro movimento (adágio)


Notas macias de uma sonata incomum. Observo do seu ponto de vista, onde olhares me surpreendem em harmonia.
O que me toca nesse acorde. Me arrisco aqui ao dizer, usando estilo desconhecido, as palavras que denunciam meu excesso de verso. Me exponho. Desse lado do verbo, a transitividade encontra seu complemento. Com gestos hesitantes, me solto - principiante e ingênua - percorro as linhas da sua trama (perfeitamente tecida) e não me sinto gramaticalmente apta a conjugar sua prosa. Sou pega pelas armadilhas sintáticas do sujeito. Telegraficamente, converso com os personagens. Penso no homem despido que deita comigo. Ternura. Nunca havia sentido esse vocábulo em sentido tão literal. Tensão: na minha cama as páginas da novela se confundem com meus desejos e eu me excito com sua maestria no contar. Imito a falta de diálogo e silencio. Onde estarão suas mãos no instante em que meu corpo vertente flui. Silencio com mais propriedade, profundamente, inquieta e plena. Você ainda respira minha ofegância.
[Aviso aos leitores: estou aprendendo um novo idioma (a Felicidade) e talvez deixe escapar algumas incoerências no momento de empregar um ou outro termo.]

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