terça-feira, 14 de agosto de 2012

fim de férias (II)


Agora, que me despeço da ociosidade e da esterilidade criativa, posso olhar para dentro e tentar me livrar do peso desses dias. Aprendi a contar os dias com você, no dia em que me ensinou a real matemática do tempo. E, durante esse tempo desprovido de noções cronológicas, observei, insensata, o tempo passar. Não descansei o pensamento nem um segundo sequer. Mesmo tendo consciência de que o que passou ficou para trás, mesmo sentindo a falta de sorriso nas gargalhadas que furtivamente soltei...
Só agora, que a rotina começa a ocupar seu lugar no nosso espaço incomum de viver, eu sinto os ombros ainda mais doídos, a voz mais silenciosa, o coração descompassado na constante arritmia. Denso, o olhar também vaga pelos dias condenados à amargura.

Uma tristeza antiga me acena da janela... a brevidade da íris que você regou e viu florir... a felicidade em registros fotográficos (sem os negativos, tudo agora é revelação!).  

Tudo é passado simples. Mas você conjuga o verbo no tempo errado, e põe no meu presente sonhos irrealizáveis de poesia e saudade. Como seu eu pudesse reeditar o romance perdido...

(No fim, a melhor coisa que me aconteceu nestas férias foi o fim delas!)

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