sexta-feira, 12 de novembro de 2010

guardados e perdidos

Todos os fins de semana eram iguais: ela se levantava cedo, tomava banho, se perfumava... e ficava ali pronta pra ele. Ele sempre vinha pela manhã, bem cedinho... Gostavam de começar o dia daquela maneira excitante: pêlos emaranhados, rostos úmidos, sensações que tornavam seus corpos mais vivos...

Hoje ele se atrasou.

Pior: não veio.

Ela permaneceu ali plantada no mesmo sofá por horas, aguardando uma notícia, um telefonema avisando que houve um imprevisto, um email enviado na véspera explicando que surgiu uma viagem com os filhos de última hora... Nada.

À noite, quando percebeu que o dia tinha terminado, ela chorou todas as lágrimas do pouco-caso. Ela se descabelou toda por ter sido deixada ali como mobília empoeirada... Ela gritou baixinho dentro do seu quarto: queria que ele morresse!
Ela desejou que ele nunca mais lhe dissesse nada, que não voltasse jamais a vê-la, a procurá-la... queria esquecer que conheceu o amor da sua vida um dia... tão despretensiosamente...

Ela adormeceu entre as almofadas do sofá... as gastas almofadas que ela jurou depositar no armário junto com as quinquilharias que ele detestava... as almofadas resistiram... e por isso estavam ali... e naquela noite foram as velhas almofadas que lhe deram consolo e aconchego...Por isso ela nunca mais permitiria que ele voltasse.

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