sexta-feira, 12 de novembro de 2010

entre cigarros e batom

Foi como um susto: ela bateu na porta do meu desorganizado mundo emocional e nem se anunciou. Bateu e entrou... Não! Ela entrou sem bater, sem pedir licença, nem “por favor”, nem nada...

Na verdade, não sei como ela chegou aqui dentro... Talvez eu tenha me esquecido das correntes... talvez tenha largado aberto o cadeado. ...Ela chegou de mansinho, em silêncio... não pude escutar seus passos...

E fiquei desnorteado ao vê-la percorrer assim meus labirintos, atravessando meus muros, destruindo minha fortaleza. Era como se eu estivesse numa guerra!! E o inimigo encontrava-se próximo demais, não me permitindo nenhuma reação.

Ela veio, entrou e ficou. Ficou aqui, em mim; enraizou-se: movendo-se cada vez mais para dentro dos meus pesadelos.

Logo à entrada, já foi dizendo que ficaria por tempo indeterminado... falando que não tinha gosto por previsões incertas... Gostava de sentir-se livre e amada... e permaneceria enquanto o corpo pedisse e a alma deixasse.

Ela não era bonita, mas me encantava com aquele jeito de se impor e invadir meus escancarados instintos másculos, meus impuros anseios por tê-la nos braços, na cama... Deitar-me ao lado daquele corpo... desfrutá-lo.

E ela não demorou para compreender o que passava pela minha cabeça: após o banho fazia a toalha descer-lhe pela silhueta, escorregando, desnudando-lhe os seios, descobrindo-lhe as costas, a cintura... e ela desfilava pelo quarto seminua e molhada... até alcançar a gaveta em que escondia suas “roupas”... (eu nunca podia participar dessa intimidade). Quando se deitava, ela se mostrava sempre em lingeries rendadas, coloridas, bordadas... extravagantemente lindas e sedutoras!

Ela me provocava o tempo todo... todos os dias... a cada hora... e eu entrava naquele jogo (achando que seria o vencedor de todas as investidas impulsivas que me vinham dela). Ela era enigmaticamente lasciva.

.....

Depois do jantar, ela levantou-se da mesa, com a taça de vinho nas mãos e me chamou para um afago no canto do sofá. (Os cabelos presos expunham-lhe a nuca que eu tanto gostava de beijar...) Ela me fez um gesto: convidou-me para um simples carinho ou...algo mais ousado!

Andei em sua direção em passos lentos (queria que ela exigisse mais rapidez... que se impacientasse diante da minha tranquilidade)... Cheguei bem perto de seu pescoço e depositei-lhe um beijo suave... Senti seu perfume... segurei-lhe uma das mãos... e me afastei.

Ela se espalhou no chão, como um tapete macio prestes a receber o primeiro toque de seu dono... Olhou-me de modo preciso... depois estendeu os braços me puxando para perto do seu corpo.

Mergulhei naqueles pelos, até alcançar a umidade de seu interior, de onde lhe vertiam sinais de muito prazer... Dei a ela o melhor de mim em forma de virilidade: penetrei suas profundezas até saciá-la. E, pleno e satisfeito em meus desejos, acendi o cigarro... enquanto ela se vestia com seu batom.

2 comentários:

Alfredo Rangel disse...

Queria poder entrar sem bater...

Sandra Regina disse...

Querido Rangel! A porta está aberta... é só entrar!..r.s.. beijo